Gerenciamento de Risco
Os dois pilares de sobrevivência no mercado: aprenda a limitar suas perdas e lidar com seu principal inimigo: você. Conheça o primeiro pilar de sobrevivência no mercado: limitar as perdas.
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Os dois pilares de sobrevivência no mercado: aprenda a limitar suas perdas e lidar com seu principal inimigo: você. Conheça o primeiro pilar de sobrevivência no mercado: limitar as perdas.
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No jogo hipotético de dados , se fosse apostado 50% do seu capital por rodada, você perderia tudo se caíssem as faces 1, 2 ou 3 por duas vezes seguidas. O que extraímos disso?
Uma estratégia vencedora não é suficiente para garantir a sustentabilidade desta atividade.
Como veremos a seguir, (1) controle de risco é a única variável capaz de impedir a sua falência no mercado e (2) controle emocional é a única variável capaz de garantir que você execute a sua estratégia como planejado.
Por mais contra-intuitivo que pareça, a estratégia em si é secundária - afinal, há diversas delas na literatura, abertas para qualquer interessado. A maioria das pessoas perdem no mercado pelo mau gerenciamento de risco e por interferências psicológicas.
Diversificação
Você provavelmente já deve ter ouvido falar em “nunca colocar os ovos em uma única cesta”. O conceito de diversificação, que embasa esse ditado, é construído na ideia de compor uma carteira com diferentes ativos para mitigar a exposição ao risco idiossincrático (isto é, o risco específico de cada um). Eventos de cauda (ou cisne-negros, como ) - como desastres naturais ou atos de terrorismo - acontecem de tempos em tempos e são suficientes para devastar uma carteira concentrada nos ativos diretamente afetados.
Apesar de soar muito simples, a aplicação desse conceito é muitas vezes equivocada. Segundo a , a diversificação ótima para cada nível de risco é calculada majoritariamente em função da correlação dos ativos que a compõe - sendo este um fator popularmente negligenciado. Ativos de correlação alta (próximo de 1) são redundantes, compartilham do mesmo risco. Ativos de correlação alta negativa (próximo de -1) anulam os ganhos do outro. Ativos não-correlacionados (próximo de 0) tem a sua variação independente do outro.
"Diversificação é o único almoço-grátis em investimento."
Harry Markowitz, Nobel de Economia e principal referência na teoria moderna de portfólio.
Resumidamente, é importante diversificar em ativos de correlação baixa. Para sua “sorte”, se você está lendo isso, você provavelmente já usufrui dessa vantagem em relação aos no-coiners. Afinal, um dos maiores apelos do mercado de criptoativos é a sua com as demais classes de ativos! No entanto, no quesito intramercado, - razão pela qual a diversificação entre elas é ineficiente.
Agora, com esse conceito em mente, cabe a você aplicá-lo na construção da sua carteira de investimentos, adequada para o seu perfil. Lembre-se que há diversas frentes de diversificação, como (i) entre classes de ativo; (ii) entre diferentes ativos dentro de uma mesma classe; (iii) entre estratégias diferentes; e (iv) entre alocadores diferentes (pessoalmente, ou tercerizando via fundos)
Tenha consciência que aqui estamos tratando de uma fatia específica dela - “operações técnicas em criptoativos”. Delimitar a quantia que será dedicada para esta atividade é uma decisão pessoal sua. Quanto mais iniciante você for, menor é recomendada essa alocação.
Stop-loss
Simplificadamente, há quatro resultados possíveis para cada operação realizada – ganhar pouco, ganhar muito, perder pouco e perder muito. O papel do gerenciamento do risco é eliminar o último cenário. Você não pode se permitir perder muito em uma única operação! Essa é a regra fundamental para garantir a sobrevivência no mercado. Para exercer a atividade de trading, é necessário se manter “vivo”.
Lembre-se que, para cada estratégia operacional, há condições específicas de entrada e saída. E que, em sua construção, a ideia sempre é maximizar o lucro nas operações ganhadoras e minimizar o prejuízo nas operações perdedoras. As entradas e saídas, portanto, devem justamente refletir a expectativa de se ganhar muito (o que se manifesta na forma de "alvos") e de não perder muito (o que se evita com "limites de perda").
A maneira mais habitual de estabelecer um limite de perda é através de um “stop-loss” – uma ordem automática que zera uma posição no prejuízo, assim que condições específicas forem acionadas.
Assim, como uma medida de contenção de risco, a conduta habitual de traders profissionais é a de colocar uma ordem de stop em todas as operações realizadas, logo que forem iniciadas.
As táticas mais comuns para posicionamento do stop serão abordadas em outro texto. Como referência, um exemplo simples é o de posicionar no extremo oposto da barra que iniciou a operação (a mínima, para compras; a máxima, para vendas).
Position Sizing
O stop é apenas uma das duas variáveis que compõem o gerenciamento de risco. A segunda é o que os norte-americanos chamam de “position sizing”: o tamanho da posição.
Como determinar a quantia alocada por operação? A resposta para essa pergunta é uma consequência da perda financeira máxima que você estará disposto a arriscar. Ou seja, ela é a variável endógena da equação. Enquanto o stop é determinado pela estratégia operacional, o risco é determinado por você.
Assim, a pergunta inicial dá lugar a outra: como determinar a perda máxima desejada? Ou ainda, existe uma quantidade ótima?
Em suma, apesar de ser uma decisão pessoal, o capital utilizado por operação precisa ser pequeno o suficiente para acomodar uma sequência de perdas sem que você vá à falência, e que você esteja psicologicamente confortável de aceitar como risco. A quantidade ótima seria o máximo que respeitasse essa regra. Contudo, na prática você não tem como saber a extensão dessa sequência, nem a sua magnitude (sem uma bola de cristal) - apenas uma estimativa dada pelo resultado passado da estratégia operacional empregada.
Neste sentido, a abordagem sugerida para definir o risco máximo por operação é recorrer aos backtests. Como vimos anteriormente, mesmo estratégias operacionais com expectativa matemática positiva apresentam perdas (não existe 100% de índice de acerto). Vamos assumir que (i) a maior perda acumulada da sua amostra ("drawdown") de resultados foi 10 “riscos”, e (ii) o maior prejuízo acumulado foi de 20%. Assim, de um lado (i) a sequência perdedora sugere que você jamais deveria colocar em risco mais de 10% do seu capital inicial para trading por operação (dado que, com 10 stops consecutivos, você iria a falência) e (ii) o prejuízo de 20% administra sua expectativa quanto a maior perda que você eventualmente teria.
Exemplo: Suponha que seu capital dedicado a operações técnicas é de 10 mil reais. Sob esta abordagem, você resolveu colocar em risco 500 reais por operação (que equivale a 5% do “bolo”, dando uma “gordura” em relação aos 10% que o backtest sugeriu). A sua estratégia operacional tem uma política de stop de posicioná-lo na mínima do candle de abertura da posição. Houve um acionamento de compra do ativo X, ao preço de 100 reais por ativo, em uma barra cuja mínima era 96 reais. Assim, qual seria o tamanho da posição?
No exemplo acima, o valor de 500 reais utilizado, que equivale a 5% do seu capital, foi definido em função do drawdown (sendo metade do máximo suportado pelo backtest). Há diversas outras maneiras de definir esse valor, derivado de outras métricas do backtest. Dentre elas, talvez a mais reconhecida seja o "": de forma resumida, o critério desenvolvido por um consiste em uma fórmula matemática que maximiza o valor esperado de uma aposta, baseado no índice de acerto e no payoff. Ainda, uma outra abordagem é definir uma quantia arbitrária. Se servir de referência, popularizou a regra de estabelecer um teto de 2% do capital (dedicado a trading) como risco por operação. Assim, na hipótese de 10 stops consecutivos, seu capital seria reduzido em "apenas" 20%.